segunda-feira, 26 de julho de 2010

DE ONDE VEM O QUE VOCÊ COME?

Não faz muito tempo – coisa de duas gerações – muitos dos ingredientes para o preparo de um bolo eram produzidos no quintal, na vizinhança ou em algum lugar ali na região. Mas a cereja, que dava o toque final ao doce, essa vinha de longe. Hoje em dia, a lógica é inversa. Grande parte do que consumimos está bem longe do alcance dos olhos e muitos alimentos industrializados modificaram-se tanto que ficou difícil distinguir que do que é feito um biscoito ou uma lasanha congelada, por exemplo.

Em seu novo livro “Food Rules – An Eater´s Manual”, o autor americano Michael Pollan oferece 64 regras para comer com saúde e alegria. Uma delas é “não coma nada do que sua bisavó não reconheceria como comida”. Basta uma visita ao supermercado para perceber que sabemos muito pouco sobre a origem do que comemos. Os selos ajudam a reconhecer um alimento orgânico, de origem controlada, uma embalagem feita de material reciclado. Eles são apenas o começo da empreitada de tornar todos os processos de um produto mais transparentes.

Nos Estados Unidos e na Europa é comum encontrar esse tipo de informação na hora da compra. E se ela não está lá, basta um click de celular para acessar o site de pesquisa americano GoodGuide. Ao direcionar o Iphone para o código de barras, é possível saber quão sustentável é aquele produto, num ranking de zero a dez. O projeto reúne um grupo multidisciplinar que analisa mais de 75 mil produtos com base em 600 critérios.

No Brasil, algumas iniciativas despontam para melhorar a performance dos produtos e a relação da empresa com o consumidor. O grupo Pão de Açúcar lançou o programa Qualidade desde a Origem, com um sistema que rastreia a origem das carnes de marca própria da rede e disponibiliza a informação via celular. Cada produto vem com uma etiqueta 2D, que pode ser lida por meio de um aplicativo para smartphones, e com um código numérico para consulta via internet. O programa informa a origem da raça do gado, como ela foi aperfeiçoada para o consumo e traz a localização e fotos do fornecedor, do distribuidor e do ponto de venda. Poderia ir além e mostrar como o gado é criado, as qualificações da fazenda e do distribuidor, quantos quilômetros a carne percorre até chegar à loja e convidar o consumidor a participar do monitoramento, a fazer perguntas para aperfeiçoar a ferramenta por meio de um canal de participação via comentários públicos, como nos blogs e nas redes sociais. A iniciativa é, sem dúvida, um avanço por aqui, e que pode melhorar. Os princípios que norteiam iniciativas como o GoodGuide são um bom exemplo de como as empresas poderiam atuar para serem mais transparentes e envolver a participação ativa de seus clientes.


FONTE : http://colunas.epocanegocios.globo.com/empresaverde/

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